Ultimamente, tenho pensado sobre confiar. No dicionário, está escrito que é "acreditar na sinceridade e nas boas intenções de (alguém); crer.". Acredito que confiança seja se entregar, estar disposto a se mostrar por inteiro pra alguém, disposto a se mostrar vulnerável por que sabe que o outro não irá usar isso contra você.
Quando uma nova amiga chorou na minha frente desabafando, percebi que ela confiava em mim. No momento eu quase chorei com ela, mas dias depois uma parte de mim ficou feliz de saber que ela tinha confiança em mim - que eu não ia falar nada pra ninguém, que eu não ia usar nada que ela tivesse dito contra ela.
Confiança é algo quase irracional. - Ela ignora todo o medo daquela promessa ser quebrada, daquele segredo ser compartilhado. - Eu era uma criança melancólica quando anotei em um diário que "confiança é dar uma arma pra alguém e torcer pra que ela não atire" e mesmo achando um pouco dramático demais, é uma metáfora válida.
Mas por que ainda confiamos, se confiança é irracional, se é torcer pelo improvável?
Porque vale a pena. Confiar vale a pena. Pelo menos, eu gosto de pensar assim.
Confiar é acreditar, afinal. Pra ter um relacionamento - seja ele romântico ou não - é necessário confiança.
Lembro de uma amiga que no quarto ano sabia quem era o menino que eu gostava na escola. Eu sabia de quem ela gostava. Era legal saber que eu sabia um segredo dela e vice-versa. Eu confiava muito nela, sabia que essa garota jamais contaria pra ninguém. Mas, mesmo confiando em mim, anos depois, eu contei pra uma amiga minha quem essa colega gostava. Ela - com razão - ficou brava. E escreveu que tinha confiado em mim e que o que deixava ela chateada não era fulana saber quem ela gostava e sim saber que eu não era digna de confiança. Fiquei frustrada comigo mesma e chorei.
Desde então, tenho muito cuidado com a confiança das pessoas. Mas não tenho muita cautela com a minha própria confiança: Não tenho muito critério antes de confiar em alguém.
Existem pessoas que a conexão é fácil, que eu olho e decido que eu quero que elas confiem em mim porque vou confiar nelas. Não preciso conhecer muito pra saber que eu sussuraria pra essas onde fica a parte do meu corpo que eu não mergulhei no Rio Estige.
Também tem pessoas que, mesmo conhecendo e conversando há tanto tempo quanto outras pessoas que eu confio, sinto que não posso confiar totalmente.
E isso é algo meu. Não significa que essas pessoas sejam confiáveis ou não. Significa que em algumas eu escolho confiar é em outras eu não arriscaria - mesmo não sabendo direito o motivo.
Querendo ou não, confiança é algo raro. Confiar é acreditar que alguém vai guardar seu segredo tão bem quanto você. Confiança é um súplica silenciosa e não quebrar essa confiança é uma promessa ainda mais silenciosa: uma promessa de segurança.
fique a vontade para comentar o que achou!
Que texto incrível, eu já estava pensando sobre o assunto e depois de ler eu só consigo pensar “meu Deus as vezes eu realmente precisava ler isso”, eu consigo entender muito esse sentimento de confiar tão fácil, afinal se eu não faria mal pra o outro porque ele faria pra mim? E mesmo assim podem fazer e perceber isso fez confiar ser algo ainda mais complexoda minha visão, mas é exatamente como você disse, confiar é dar uma arma pra alguém e torcer para que ela não atire, quanto você aprende a entregar essa arma as pessoas certas o medo do tiro passa a ser ofuscado pela certeza de que o gatilho não vai ser disparado.
Ai q lindo